8 de abr. de 2011

Verbete

É palavra não dita
não a toco, é loucura lembrar.
Enterrada?
Não fui tão forte assim,
trago-a displicentemente escondida,
na preguiça de esquecer.
Pura ilusão.
Viro a esquina e está lá,
mais viva do que nunca:
é seu nome.

Não, você não tem letras:
tem rosto, cheiro, voz,
tem gosto de beijo.
tem gosto do que eu queria que ainda fosse.
Pronuncio-te na falta de ar,
no opaco dos olhos, no riso contido,
e no silêncio
que tantas vezes me acomete.
Ou então nas horas
em que, como hoje,
o mundo fica triste,
e o momento cobra o abraço
que em mim você não fechou.

Não achei outra no dicionário:
não, nada se encaixou tão bem na redação.
Sigo folheando livros:
Quem sabe a palavra “surpresa”
não venha me assaltar?
Adjetivando a sua
ou tirando todo sentido.
Assim eu espero,
ou não.

Gabriela M. Machado 08/04/2011

Um comentário:

Celso Ramos disse...

Olá Gabriela!!!
Seus versos são musicais...me lembra cecília.. Parabens Visitarei mais vezes!!! Abraços
Celsonoros!!!