8 de abr. de 2010

Caos e tristeza 1 – a realidade a cada dia mais nítida.

É estranho. Quando publiquei o último post não podia imaginar o que nos esperava na região do Rio, Niterói e redondezas esta semana. Não fosse a data que está no cabeçalho, ele seria considerado humor negro.

Desnecessário escrever com detalhes o que aconteceu desde a noite da última segunda-feira, 05/04: está em todos os jornais, na internet e todos estão acompanhando pela TV.

Contudo, a cada dia que passa desde o início de tudo, fica mais claro para mim que o que vemos nos meios de comunicação não é nada perto de toda a extensão do acontecido e está a anos-luz da realidade verdadeira se pensarmos que a mesma é um somatório da experiência de todos o que estão por aqui. Quando escutamos relatos de amigos, conversas na rua, nos ônibus, dá para pensar: “caramba, e eu não sabia de nada!”

Foi assim comigo.

Na terça acordo, vejo o tempo, ligo a TV e...vocês já sabem. Ligações para queridos para saberem se não cometeram a sandice de se deslocar de Niterói para o Rio e depois, paciência: feriado forçado em casa. Quando saio do meu prédio (depois da água que invadiu a garagem baixou) para resolver uma questão do meu trabalho, já que moro muito perto e seria a única que poderia ir lá, vejo, do lado de fora um quadro totalmente novo no bairro onde eu moro: muita, mas muita lama, comércio fechado, morros desbarrancados...Volto para casa e continuo acompanhando tudo pela TV pensando: que privilégio ter um lugar seco, com água e com luz (mesmo sem internet e telefone fixo!).

Mas foi na quarta que as notícias de Niterói foram se tornando conhecidas (até então quase nada daqui era veiculado, só notícias do Rio). No trajeto de ônibus para Icaraí, bairro próximo ao meu em Niterói, vejo o lixo acumulado na praia, a sujeira, o caos. Mas foi uma conversa no banco de trás do ônibus que mexeu comigo:

- “Estou indo para o trabalho hoje só para dar satisfação ao patrão” – uma mulher comentou com outra, e continuou: “tem uns nove corpos estendidos perto da minha casa, e só hoje chegaram os bombeiros”. Pausa. “Chorei ontem o dia inteiro”.

Ela era moradora do Grotão, local onde aconteceram deslizamentos. Pessoas do ônibus falaram de corpos achados no canal de São Francisco, já perto da praia. Nó na minha garganta.

Mais tarde, ainda pela manhã, muitas ligações no celular. Uma delas informando que familiares de um amigo estavam soterrados em um dos deslizamentos.

E assim, desde então as histórias foram chegando, a verdadeira situação precária de Niterói e redondezas ficando mais clara (acessos a vários bairros bloqueados). E ontem à noite a situação do deslizamento no Morro do Bumba.

Minha conclusão: só depois de alguns dias teremos a dimensão de tudo o que aconteceu. Uma semana que jamais esquecerei. Oremos e ajudemos!

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