20 de jul. de 2010

Eu não quero ter 1 milhão de amigos...

Que me desculpe o Roberto Carlos, mas eu faço a opção por ter bem menos que isso.

Já houve tempo (confesso) em que me deslumbrei com o orkut e cheguei a pensar “uau, quanta gente conheço”. Hoje, com a falta de tempo em que me encontro, sem nem ao menos mandar um recado “e aí, como estão as coisas?” para muita gente querida, às vezes sinto inveja dos que ostentam em suas páginas apenas 250 pessoas nos seus contatos.

Não digo que não seja possível se relacionar com muitas pessoas. Sim, conheço muitas que embora não sejam tão próximas, são extremamente queridas a mim. Outras já estiveram mais presentes, aqueles amigos chegados mesmo, mas que por circunstâncias da vida, estão mais distantes (física ou emocionalmente) e nem por isso deixaram de ser especiais (e nem deixei de chamá-las amigas). E é claro: poder olhar e perceber quantas pessoas nos tocaram de maneira especial ao longo da vida é um presente.

Mas o que tenho pensado ultimamente é que diante de tanta banalização nos relacionamentos em geral (hoje qualquer desconhecido quer ser amigo em uma rede social), há que se fazer escolhas para ter algo profundo e significativo.

Porque ser amigo de verdade é coisa que demanda tempo e investimento. E como nessa vida louca o tempo tem faltado, são poucos (vamos ser sinceros) os que realmente podem ser objetos desse tempo.

Antigamente tinha dificuldade em entender uma parte de um texto do livro de Provérbios que diz: “O homem que tem muitos amigos sai perdendo;mas há amigo mais chegado que um irmão.”Eu pensava: “Como alguém pode sair perdendo tendo muitos amigos?”

Acho que hoje eu entendo. Com muita gente, acabamos perdemos qualidade de relação.

Amigo é coisa de caminhada, não é algo que se adquire na prateleira de supermercado quando se percebe que falta este item na sua vida.

Como já disse C.S. Lewis em “Os Quatro Amores”, é algo para os que têm algo a partilhar:

"A Amizade surge do mero Companheirismo quando dois ou mais dos companheiros descobrem que têm em comum alguma percepção ou interesse ou mesmo gostos que os demais não partilham e que, até aquele momento, cada um acreditava ser o seu tesouro ou fardo especial. A expressão típica de um começo de Amizade seria algo como: “O quê? Você também? Pensei que eu fosse o único.” (...). É quando duas pessoas assim descobrem uma à outra, quando, seja com imensa dificuldade e hesitação, ou com o que nos parece uma rapidez elíptica, elas partilham a sua visão – nascendo assim a Amizade. E imediatamente ficam juntas numa imensa solidão.(...)

A amizade é tão desnecessária quanto a filosofia, a arte, o próprio universo (pois Deus não precisava criar). Ela não tem valor de sobrevivência; pelo contrário, é uma daquelas coisas que dá valor à sobrevivência.(...)"


Feliz Dia do Amigo a todos que já dividiram comigo um tesouro ou fardo especial.

4 comentários:

Unknown disse...

Oi Gabriela!
Verdade verdadeiríssima sua palavras!
Também vivo uma fase de menos, mas muito melhores amigos.

Anônimo disse...

Muito poucos... mas muito preciosos.
Hoje o que mais tem é gente se sentindo absolutamente sozinha em meia a multidões. Tenho 153 "amigos", no ORKUT, e já estou achando muito!
Mais que pertinentes a suas palavras Gabriela.É bem por ai...

Unknown disse...

muito legal Gabi!
tenho pensado sobre isso nestes dias! sobre como é estranho ter "amigos virtuais". vejo um monte de perfis, fotos e atualizações, mas ao mesmo tempo não sei como essas "pessoas" realmente estão e o que pensam; é não "sentir" essas pessoas! há tb muita fantasia! talvez eu seja antiquado e não adaptado a essas modernidades!
ah!... é minha primeira visita ao seu blog, adorei! parabéns!

Anônimo disse...

Ainda bem que tenho vc...!!!