
Segue texto antigo, já que a mente tem estado um pouco em branco, sugada por tantos afazeres e preocupações.
Mas vem bem a calhar.
Ando cansada. Muito mesmo. Fazendo muitas coisas. Não fosse a certeza de que é um esforço necessário por um tempo, e de que tudo o que tenho feito vale realmente à pena, acho que já tinha enlouquecido.
Mas já já eu faço que nem o sol e me permitirei descansar e reivindicar meu espaço.
Entre o dia e a noite
Mais um dia acabou e eu nem percebi. Como eu, ele se esvai, cansado e sem forças. Em sua impotência cede lugar à escuridão, que devora as casas, árvores, montanhas, expectativas e esperanças, fazendo as cores e as coisas desaparecerem. Sucumbo também à penumbra, essa quase ausência de luz. Tarefas estabelecidas mas não cumpridas, planos idealizados mas não realizados, alvos definidos mas não atingidos. O que era para ter sido e não foi. Apenas o quase. Meio do caminho. Apenas uma terrível angústia. Um fim que se impõe todo dia: interminável, mas não conclusivo. Nem dia nem noite.
No entanto, certo dia, vi o sol. Distante e esquecido lá em cima do céu, cansado da rotina de fazer as cores existirem, resolveu descer. À medida que ia descendo, maior ficava. As casas, árvores e montanhas se apagavam, mas também adquiriam reflexos dourados, fazendo as atenções convergirem para ele. Meu coração, também cansado da rotina, ia calando as exigências e reivindicando o seu espaço. A luz dourada revelava o sonho e a esperança e deixava as contas, tarefas e problemas na penumbra. O sol, em seu último rasgo luminoso, foi embora prometendo voltar, enquanto a primeira estrela aparecia no céu negro. Dia e noite ao mesmo tempo.
Gabriela Machado Machado
04/05/2001
04/05/2001
2 comentários:
Belo Gabriela... mui belo.
Fantástico, vc com certeza não se lembra de mim, mas sou amigo da sua mãe, tia e avó, meus queridos amigos..
Seu texto é lindo e mostra um veio poético simples, mas de grande beleza interior.
parabéns e continue assim...
Luiz Fernando
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